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Léia Salazar
Psicóloga. Composta por música e tem um caso infinito com a sétima arte. Adora fotografia e tem verdadeiro fascínio pelas palavras.
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sábado, 17 de março de 2012

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Assisti a esse vídeo ontem e fique super empolgada porque passa uma mensagem que eu gostaria de ter gritado para o mundo, mas o alcance da minha voz não chega a tanto! rsrs

Bom, a ideia do vídeo é que deixemos de viver sob um rótulo diagnóstico e consigamos ultrapassar essa barreira do "ser uma doença", "ser um transtorno", "ser um diagnóstico" porque primeiro temos que "ser humano" (e mais uma vez me refiro ao ser - verbo - humano).
E digo isso porque conheço pessoas que foram diagnosticadas e vivem sob esse fardo, sob essa constante de ser um transtorno! E claro, a sociedade tende a olhar dessa maneira também. Se antes a pessoa era vista de uma forma, depois de receber o rótulo diagnóstico ela passa a ser o louco, a descontrolada e até mesmo alguém que sofre de frescura! E as etiquetas só aumentam...

Pois bem, vamos esclarecer as coisas! Eu não sou contra o diagnóstico, sei que existem pessoas que realmente sofrem... Mas não sou a favor de diagnóstico deliberado. Deliberado por quê?
Vejamos:
O DSM V (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) tá chegando pra confirmar essa minha ideia. O DSM é o livro em que estão catalogados todos os transtornos, doenças mentais e afins. A partir dele os psicólogos podem fazer hipóteses diagnósticas, o psiquiatra pode fechar um diagnóstico e podem ser feitos os diagnósticos diferenciais. (Quanto diagnóstico!). Esse livro facilita a comunicação entre profissionais, o que de fato é muito bom. Atualmente temos a quarta edição (que pode ser visualizada nesse site http://virtualpsy.locaweb.com.br/dsm.php).
Porém, entretanto, contudo, todavia, apesar de estar causando polêmica, a quinta edição do nosso "querido" DSM está prevista para ser lançada em 2013! E adivinhem só: a gama de diagnósticos aumentará e muito. Preparem-se. Ninguém vai ficar de fora dessa! Todo mundo terá o seu rótulo garantido (e por isso o termo 'deliberado')! (site oficial do DSM V http://www.dsm5.org).
Bom, repararam que o gráfico estatístico de pessoas diagnosticadas com alguma coisa vai crescer assustadoramente? O que isso acarreta? Aquilo que eu havia comentado no post anterior: Nós e nossa querida psicofarmacovida! Observem: DSM V =  maior gama de diagnóstico = maior "necessidade" de medicação = vida divida em pílulas guardadas na caixinha do remédio. DSM, a indústria farmacêutica agradece! 
Perceberam a preocupação com a vida humana? (aquele sorrisinho irônico) rsrs

Okay, remetendo ao primeiro parágrafo e ao vídeo... Somos seres humanos. Os que sofrem com algum transtorno, síndrome, doença e afins com apoio necessário, atenção, respeito, dignidade podem fazer coisas incríveis porque antes de tudo eles são seres humanos com capacidade de superação.
Não gosto de rótulos, mas sou a favor de tratamento adequado a todos que precisam.
Vamos rasgar as etiquetas, vestir a camisa e lutar pelo bem da vida e qualidade dela. 

terça-feira, 6 de março de 2012

"Irremedicável"


Ultimamente uma questão tem me incomodado bastante. Aliás, não é mais somente uma questão, é algo que se tornou um fato (e um fato próximo a mim, diga-se de passagem). Okay, vamos ao assunto:
Tenho percebido que a vida humana vem se tornando uma caixinha de remédios. Um amontoado de pílulas...

"Temos para todas as ocasiões! O relacionamento terminou? Teve aquela briga com sua mãe? Estudou muito nesse fim de semana ou não conseguiu se concentrar? Venha, cliente amigo, temos o comprimido sob medida para você!"

Eu sei, claro, que existem casos em que a medicação é realmente necessária. Mas será que para tudo tem que ser assim? O remedinho vai mesmo eliminar o elemento central que ocasiona o desprazer, o sintoma (tenho a impressão que não, hein!)? E por que será então que nossa vida tem se tornado tão "farmacológica"? A praticidade? A rapidez da "solução"?
Penso que esse ponto também tenha influência. De fato, vivemos numa época em que tudo acontece numa velocidade que chega a ser fadigante. A sociedade cobra essa rapidez e não nos dá tempo para que possamos ter momentos de fraqueza.
Mas o fator crucial da história, a meu ver, está na comodidade e talvez até no medo de "cutucar as feridas"
. Dói mexer nos conflitos. Para quê vasculhar lembranças e angústias que estão aparentemente quietas (digo aparentemente porque, pelo meu viés psicanalítico, acredito que esse conteúdo é pulsante, mas não quero me ater a teorias), se eu posso simplesmente me medicar e "viver bem"? Mas será que esse "viver bem" é realmente efetivo?
Essa última pergunta eu faço com base em observações do meu cotidiano. Percebo que as pessoas ser tornam como que escravizadas pelos fármacos, em que se vêem na situação de que somente com o uso de fármacos poder-se-á chegar ao equilíbrio (mesmo com alguns efeitos colaterais). "Mas e daí se esse remédio tira meu apetite sexual?! É só com ele que consigo ficar bem!". Isso mostra como o sofrimento humano pode ser grande e intenso, a ponto de abdicar algo para se sentir melhor. Mas também não consigo ver outra alternativa de alívio efetivo desse sofrimento que não a psicoterapia, a fala, o momento de vasculhar, de mexer no cantinho que mais dói e não simplesmente camuflar.
É importante salvaguardar que existem sim casos em que o uso de fármacos é essencial. Mas acredito que existem casos "irremedicáveis" (permitam-me o neologismo!).

E por essas e por outras que acredito piamente no trabalho de psicoterapia e não desisto desse ideal!
O Homem é biopsicossocial... acho injusto reduzi-lo unicamente ao biológico.

P.S., Não tomei por base nenhuma teoria. São só pensamentos do cotidiano de uma estudante, que podem estar no caminho certo ou completamente equivocados! Isso a troca de ideias com outros estudantes e profissionais e a experiência vão me dizer... rs